Nunca as tardes da TV brasileira foram tão cheias de sessões séries e filmes quanto agora. Há quem vá dizer que isso é bom, pois as séries e filmes americanos são de qualidade infinitamente maior do que os rodados programas de fofocas. Sim, isso é uma verdade, mas não se pode deixar de lado a questão da falta de criatividade que a TV está passando. Trocar programas de fofocas, pegadinhas e afins por séries é muito simples, difícil é ser original e criar um produto novo, algo que chame a atenção e, consequentemente, a audiência do telespectador.
A série americana “Todo Mundo Odeia o Chris” é apresentada diariamente pela Record
Divulgação
A Rede Globo, por exemplo, há mais de 30 anos exibe reprises de filmes na sua “Sessão da Tarde”. A Globo tem totais condições de criar programas novos e de qualidade para o horário, mas, obviamente, não pretendem mudar uma formula que, além de ser barata, faz sucesso.
O SBT já teve tardes melhores. “Programa Livre” e “Passa ou Repassa” foram sucesso durante um bom tempo. Na última década o SBT declinou neste horário, recheou suas tardes de séries e filmes e até tentou mudar essa situação algumas vezes – todas em vão. “Programa Cor de Rosa” e “Olha Você” foram algumas das tentativas mal-sucedidas da emissora. O SBT gasta mais de 3 horas de sua programação nacional com séries e o seu “Cinema em Casa”.
Durante um bom tempo, a Record foi referência em produções caseiras no horário vespertino da emissora. Destaque para programas bem interessantes como os infantis da Eliana e a primeira versão do “Tudo a Ver”. Atualmente, as tardes da Record, com exceção ao game-show “O Preço Certo” e os telejornais locais da hora do almoço, estão totalmente fechadas aos enlatados. 4 horas de programação desperdiçadas com reprises de séries e o “mais que explorado” Pica-Pau.
Gosto de assistir séries, mas passar todos as minhas tardes assistindo 3, ás vezes, 4 episódios seguidos de “Todo Mundo Odeia o Chris” não dá, né? Só pra se ter uma idéia, o único enlatado inédito exibido à tarde é a série “H2O – Meninas Sereias” da Record.
A RedeTV faz pior, não entope suas tardes com séries, simplesmente vende-as! Não dá pra chamar de “grande” uma rede de TV que apresenta em parte do seu horário vespertino programas religiosos e quizzes televisivos cujo objetivo é fazer você perder tempo, paciência e dinheiro.
A apresentadora Márcia Goldschmidt apresenta o “talk-show” “Márcia”
Reprodução/Band
A Band é a que, aparentemente, mais investe nas suas tardes. Uma pena que sejam investimentos em programas popularescos, de qualidade mínima e recheadíssimos de merchandisings. “Márcia” é o maior exemplo disso.
As produções próprias das redes de TVs patinam neste horário porque só fazem atrações voltadas para o público feminino, enquanto nestas horas também é grande o número de crianças e adolescentes em frente à TV – isso explica o relativo sucesso dos desenhos e séries exibidas nestas horas. Deve-se criar programas para estas faixas, não precisando ser, necessariamente, infantis. O problema é que eles não querem arriscar e gastar mais por algo que possa render menos. Esse descaso com a programação vespertina só faz com que diminua o número de TVs ligadas neste horário – como a minha, por exemplo. Uma pena.
A Record está interessada em investir no futebol. Nos últimos anos, a emissora conseguiu levar a melhor sobre a TV Globo e adquiriu com exclusividade as Olimpíadas de 2012, em Londres, além dos Jogos Panamericanos de 2011 e 2015. Porém, quando o assunto é futebol, a emissora da Barra Funda tem sofrido consecutivas derrotas para a Globo, e acabou ficando sem os direitos dos torneios nacionais e da Copa de 2010.
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